segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A Ocupação

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, planta e atividades ao ar livre
       O movimento estudantil no Brasil passou por um longo momento de adormecimento. 2016, entretanto, trouxe consigo uma outra realidade. Talvez, entre os secundaristas, não houve mobilização tão grande quanto a do último semestre. Um retrato claro demonstra a dimensão da mobilização: mais de mil escolas e universidades ocupadas em todo o Brasil. 
          Esse período de luta e manifestação pelos investimentos nas áreas básicas de serviços públicos proporcionou-me uma experiência única. A Escola (seja a EAD ou qualquer outra instituição ocupada) se tornou palco da união estudantil, o espaço foi verdadeiramente apropriado, e o sentimento de pertencimento aumentado. Pude entender e exercitar cidadania de uma forma mais prática, as discussões, palestras e atos, plurais, dirigidos por nós estudantes e especialistas, proporcionaram-me mais conhecimento e voz. Saberes sobre questões da arquitetura e do urbanismo no campo político, técnicas de marcenaria, de croqui e de bioconstrução, ferramentas eletrônicas para criação de artes, dança e sobre música, além da intensa articulação entre diversas pessoas de diferentes áreas em prol de um bem comum, estiveram presentes no movimento e enriqueceram culturalmente os participantes.
         O sentimento de pertencimento à Escola de Arquitetura, que outrora não existia em mim, veio à tona, e expandiu-se para além, alcançando a cidade, que, a partir de então, percebi ser, também, minha, e que devo vive-la. Embora, mesmo meio à essa riqueza, nasceram dissensões, todavia elas não são por natureza um problema, muito pelo contrário, são catalizadores de debates, de política, são responsáveis por criarem conversas que, à luz da racionalidade, e sob argumentos plausíveis, criam possíveis soluções para problemas da sociedade. 

ComCiência



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          De autoria da artista plástica serra-leoense, Patrícia Piccinini, a mostra ComCiência explora intensamente o realismo. Com o intuito de instigar o espectador à respeito de questões que tangem o campo da mutação genética e das máquinas, a exposição apresenta esculturas, fotografias, desenhos e videos de diversos seres desconhecidos. Por meio de técnicas de realismo, que, por sua vez, utilizam diferentes materiais como a fibra de vidro e o silicone, Patrícia induz o visitante à adentrar em um mundo no qual os avanços da manipulação genética, assim como o aprimoramento das máquinas, criam novas criaturas. Carregadas de organicidade, esses seres podem causar estranhamento inicialmente, porém, o cenário em que se encontram inseridos, de contato com seres humanos, proporcionam uma virtualidade, nos levando a refletir sobre o controle da ciência genética e mecatrônica pelo ser humano, e as criações nessas áreas, que nas obras, ganham vida. A diversidade e o convívio harmônico entre os diferentes tornam-se objetos para reflexão dos que observam. A mostra não possui elementos físicos que proporcione interações palpáveis, sejam elas programáticas, causalísticas ou finalísticas, entretanto, no campo das idéias, tem potencial para gerar imaginações de realidades programáticas,  que apresentam personagens peculiares, uma dimensão não tão diferente da nossa, principalmente no quesito pluralidade. Ademais, cabe ressaltar que é bem fácil que ocorra uma mudança de foco do espectador que, pela ultra-realidade da obra, deixa de refletir sobre uma realidade paralela, proposta pela artista, e passa concentra-se no objeto físico de observação e na técnica utilizada para concebe-lo.

Intervenção


Cosmococa,Instituto Inhotim


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Visão aérea
          A galeria escolhida para ser visitada durante o campo no Inhotim foi a Cosmococa.  Hélio Oiticica (pintor, escultor, artista plástico e performático) e Neville D'Almeida (cineasta, escritor, fotógrafo e artista plástico) foram responsáveis pelo desenvolvimento da obra que tinha por intuito proporcionar ao espectador uma imersão na arte, algo que fosse evento ou processo, objeto ou produto. Tais proposições viriam por meio de experiências multisensoriais possibilitadas pelos quasi-cinemas - instalações que apresentam projeções de slides que formam uma ambientação.
          
Planta aérea técnica
         O pavilhão projeto  dos Arquitetos Associados é composto por cinco salas expositivas escuras e sem hierarquia, que apresentam duplo pé direito. Nelas ser encontram projeções nas paredes e tetos, diferentes trilhas sonoras, redes, colchões e travesseiros, puff's, balões e uma piscina. De presença ambígua, a edificação se encontra em um terreno de desnível, em que na parte de menor altimetria se destaca pela visibilidade de sua estrutura rígida e robusta, revestida por um material pétreo, contudo, desaparece para os que se encontram na parte alta do terreno, por possuir um extenso telhado verde que dá continuidade ao gramado.

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Uma das cinco salas




terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Rede de Implicações

         A área em questão possui pouca irregularidade, apresenta apenas divisórias sobressaltadas entre o caminho calçado e a grama - irregularidade de cerca de 8cm  que é abaulada em duas de suas arestas. O espaço não é polivalente e é pouco convidativo (no sentido de ser um local de permanência), possui certa flexibilidade devido deter amplitude considerável e não ser inclinado, ser mais "deserto" que "floreta", no que diz respeito aos elementos que o compoe. O recorte do espaço se trata de uma demarcação destinada à passagem, desenho que conduz que caminha por ele.
        A ideia da intervenção se baseia na alteração da simples condução que o local oferece, isto é, a intenção é prolongar a permanência das pessoas ao passarem por lá, sem subverter a função da área que é a de passagem. A instalação, ainda, atrairia o olhar para as palmeiras que se encontram nas laterais longitudinais do espaço e para a fonte. Ademais, tinha-se a intenção de que, com o prolongamento do tempo de passagem das pessoas no local, elas percebessem o frescor e a corrente de ar presentes no local.

SENSAÇÃO

SUBSTÂNCIA

EVENTO

Relaxamento
Vegetação; presença de água; ruido da fonte
Contemplação, descanso
Frescor
Corrente de ar; umidade
Permanência, tempo de estadia prolongado

Condução
Corredor, percurso marcado
Caminhar, deslocar-se, redução de trajeto
Abertura
Alargamento do corredor, gramado externo
Ocupar o espaço livremente, observação, ficar à vontade
Transitoriedade
Fluxo, conexão entre centralidades
Travessia, acesso, mudança constante de público e atividades


-Local: